Querido Joshua, venho por meio desta carta contar-lhe das coisas e cores. Hoje tive o prazer de apreciar o pôr-do-sol de cima de uma montanha, o céu estava tão bonito. De lá de cima eu pude observar algumas árvores. O cenário se tornou uma mistura de ocre, vermelho, verde entristecido pelo cinza, de traços negros que cercam os contornos produzindo uma sensação de calma e leveza, e ao mesmo tempo de angústia e infortúnio. Não pude deixar de lembrar de você, afinal você tem a mistura de cores que eu preciso. Sou uma mulher de paixões, capaz de, e sujeita a fazer coisas mais ou menos insensatas, das quais às vezes me arrependo mais ou menos. Muitas vezes me ocorre falar e/ou agir depressa demais. Acredito que as pessoas possam cometer semelhantes imprudências. Eu te via partir para o trabalho 07h00min da manhã, não exatamente. Eu levantava só pra me certificar que você ia se alimentar bem. Depois voltava a dormir sorrindo e pensando no quanto era bom fazer parte da tua vida lá na terra das manhãs nubladas. Através de você, pude pensar no azul do céu antes de dormir. E quando eu terminava minha prece, eu podia ver você dormindo exausto. Eu te queria sempre mais e mais e ainda mais. Eu que sempre fui regrada, tive que eclipsar-me decerto a contragosto. E na despedida eu pude ver nos teus olhos, cor de lama, que terminava ali. E assim foi. Essa última semana foi exaustiva para mim, eu adoeci e tive que tomar remédios piores que a doença. Eu precisei. E nesse meio tempo voltei a enxergar as cores menos vivas. Posso ver nitidamente o meu rosto pálido. Eu só queria você perto de mim, por algumas horas? Por todo o tempo. Eu não tenho filosofia, acredito que ter uma é estar limitado a não conhecer muita coisa, e lhe digo, ter uma paixão é estar vivo e não apenas existir. Desejo que passe por essa vida e sinta o seu coração espremido, batendo mais forte. Como se seus órgãos sumissem por alguns segundos acarretando uma falta de léxico momentânea, reafirmo: É estar vivo! Não me sinto fraca, pelo contrário... ”Eu quero o lirismo dos loucos...” já dizia o poeta do qual não recordo o nome agora. Seria estranho se eu dissesse que sinto a sua falta? “Menos cor e mais quem”.